Sunday, November 2, 2014

Calendário Sonoro

    Houve um tempo em que os avanços do dia eram marcados, não por calendários ou relógios, mas pelos sons... 
   Era terça-feira quando chegava a carrinha da peixeira, eram 10 horas quando o carteiro tocava à campaínha... Sinto falta das 18 horas de sábado anunciadas pela cantilena da carrinha amarela, irritante o suficiente para despertar em mim  (uma pacifista convicta) a vontade de sacar da espingarda imaginária...
   Hoje resta apenas a flauta do amolador de facas que faz questão de me acordar todos os domingos às 8h...

Thursday, October 30, 2014

Aceitam-se Reservas

PRATO DO DIA: "Andrew Bird" à Vale do Cávado


 E para sobremesa, a sugestão do chefe é "Orange is the new black".

Sunday, June 3, 2012

PRATO DO DIA: "Beach house" assado com salada de pimentos


Friday, June 1, 2012

PRATO DO DIA: "Best coast" grelhados c/ molho à Diabo

 P.S.: Aconselha-se que seja servido à beira-mar...

Wednesday, May 30, 2012

Tuesday, May 22, 2012

Aviso

Informam-se os clientes que, por motivos de saúde, vamos estar encerrados o resto da semana. Pedimos desculpas pelo inconveniente. Obrigada e até a próxima visita.

Monday, May 21, 2012

E é assim:


A casa hoje abandonada, fora outrora habitada por uma família abastada. Poucos são os que os conheceram, mas todos invocam a sua história.
Tinha ele 6 anos quando um ataque de pneumonia o confinou à cama. Devido à sua saúde, agora frágil, mudaram-se da cidade agitada e escura para uma vivenda campestre, onde o ar não lhe pesava tanto nos pulmões. Mas para ele era ainda pior: continuava muralhado em casa, no quarto…e apenas podia admirar o mundo nas poucas vezes em que as janelas estavam descortinadas, visto sua mãe ter frequentes enxaquecas.
Continuava a ter alguns ataques à noite, especialmente em tempos de calor onde a humidade se colava aos pulmões, dificultando a respiração, mas nada dizia, com medo de os pais lhe roubarem o pequeno prazer de dormir com a janela aberta.
A empregada enchia-o de bifes de fígado (para fortalecer o sangue, dizia ela) e com leite impregnado em mel (fórmula medicamentosa para limpar os pulmões).
Na falta de amigos, teve de se habituar a brincadeiras solitárias e à companhia de amigos imaginários maldosos, que ele não conseguia controlar, que sistematicamente o atraíam para o exterior, sendo sempre salvo pela empregada.
O seu pai era funcionário do estado, pelo que raramente se encontrava nos arredores e, quando estava, fazia o máximo para se afastar daquela casa em luto.
Todos os dias eram iguais, com o mesmo cansaço e o mesmo pensamento: como é o mundo lá fora?
Demorou apenas cerca de 6 meses até perder a noção do tempo e os dias deixaram de ter número.
Tomado como frágil, não lhe era permitido correr pela casa e as brincadeiras estavam restritas ao quarto de lazer sobrelotado de tapetes.
Era hoje. O outro tinha razão…ia aproveitar a ausência dos pais para ver, sem entraves, o jardim. Só tinha que enganar a empregada, o que supunha ser uma tarefa nada difícil, bastaria fingir estar a dormir e esgueirar-se pela janela quando ela aproveitasse a ausência dos patrões para ir namorar.
A primeira etapa estava concluída: os papás tinham saído e ele tinha-se desculpado pelo súbito cansaço e marchou para a cama. Começava a impacientar-se, a empregada tardava em sair.